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Artigo: Clamidiose: definição, diagnóstico, prevenção e tratamento


DCM Balthazar

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A clamidiose, também conhecida como ornitose, febre dos papagaios ou psitacose, é uma das doenças infecciosas que frequentemente acometem os plantéis de aves. O patógeno causador desta doença é a Chlamydophila psittaci, uma bactéria que infecta as aves e que é transmissível aos seres humanos através do contato direto.
Esta bactéria já foi diagnosticada em todas as aves domésticas e em mais de 130 espécies de aves silvestres de todo o mundo, sendo que ocasionalmente, a doença pode ocorrer em surtos. As aves acometidas com maior freqüência são Papagaios, Calopsitas, Periquitos e Pombos, porém nenhuma espécie está livre de ser acometida pela bactéria. A clamidiose é uma zoonose ocupacional segundo a OIE (Escritório Internacional de Epizootia), ou seja, é uma doença transmissível de animais para o homem, onde trabalhadores em contato com aves doentes formam o principal grupo de risco.
Os filhotes são especialmente suscetíveis à infecção. Uma característica importante da doença é que as aves infectadas podem se tornar portadoras crônicas e disseminar as bactérias no meio ambiente em que vivem, ou seja, no plantel. A C. psittaci sobrevive vários meses nas fezes e secreções das aves que foram depositadas no ambiente. A sobrevida é de até 8 meses em sujeira de gaiola, aproximadamente 2 meses em alimentos e rações das aves e ainda por 2 a 3 semanas em superfícies duras. A infecção pode acontecer por inalação ou ingestão de poeira contaminada com a bactéria.
O período de incubação é variável, de 3 a 10 dias ou até 50 dias no caso de linhagens (cepas) da bactéria de baixa patogenicidade (capacidade de causar a doença), pois as aves que se recuperam da infecção ainda podem eliminar a bactéria por várias semanas após o fim dos sinais clínicos.

Os principais sintomas são infecção no trato digestivo, respiratório e/ou infecção sistêmica, causando falta de apetite, perda de peso, depressão, alterações no comportamento, fezes amolecidas e esverdeadas,secreção em olhos e narinas.

Além disso, em longo prazo a infecção por C. psittaci pode dar origem a doenças multi-sistêmicas, como por exemplo, a doença hepática. É importante saber que esses sintomas podem ser comuns a diversas doenças, então o diagnóstico é imprescindível para a confirmação da infecção por clamídia para a realização do tratamento adequado pelo Médico Veterinário.
Um dos grandes problemas encontrados na eliminação da clamidiose do plantel são as aves assintomáticas, que são portadoras de C. psittaci, mas não demonstram qualquer sinal de doença enquanto permanecem em boas condições de manejo e alimentação.
Quando ocorre uma situação de intenso estresse começam a aparecer os sintomas e as aves se tornam doentes. As aves reprodutoras podem transmitir a doença à sua prole, que corre o risco de morrer nas fases iniciais de desenvolvimento, uma vez que as aves jovens são as mais suscetíveis à infecção. Uma ave infectada, mesmo que não apresente os sinais clínicos é uma potencial disseminadora da doença por todo o plantel e também para os seres humanos em contato; em aves exóticas a taxa de infecção pode chegar próxima a 100% das aves em plantéis fechados.
O diagnóstico definitivo só é possível através do isolamento e identificação da C. psittaci.
Métodos sorológicos estão disponíveis, porém são ineficazes para aves portadoras ou aves com quantidade baixa de anticorpos para a detecção. O método mais eficaz tem sido a detecção molecular através da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), esta técnica utiliza o DNA extraído de fezes, o que não é possível pela sorologia convencional, para a detecção rápida, sensível e específica. A PCR é considerada o padrão ouro para detecção C. psittaci. O teste pode ser realizado através de amostras de fezes, swab de cloaca, swab de coana / orofaringe ou sangue, que podem ser enviados ao laboratório em coletores adequados ao tipo de material.
A melhor forma de evitar a entrada e a contaminação das aves do plantel ainda é a prevenção. É importante fazer quarentena e testar para clamídia todos os novos animais antes de adentrarem ao criadouro, assim como animais que voltam de feiras e exposições. Por fim, uma boa limpeza do plantel e uma boa circulação de ar favorecem a prevenção da infecção.
Quando detectada a infecção, o tratamento convencional para clamídia utiliza o antibiótico tetraciclina e seus derivados como doxiclinica, vibramicina e oxitetraciclina. O tratamento pode ser feito por via oral, diluído na ração ou na água. O período de terapia geralmente é de aproximadamente 45 dias, podendo variar.
Durante o tratamento com este antibiótico, a utilização cálcio na alimentação deverá ser evitada, pois o cálcio se liga a tetraciclina diminuindo o seu efeito. A ave pode ser considerada livre de clamídia após três exames consecutivos negativos para C. psittaci. Aqui é importante destacar que todo tratamento deve ser conduzido por um Médico Veterinário, pois ele é o único profissional capacitado a prescrever os medicamentos na dose correta e acompanhar a evolução e eficácia do tratamento.

Psitacose em Humanos:

Apesar da alta incidência em aves, em casos esporádicos a Chlamydophila psittacipode ser transmitida das aves para as pessoas.
Embora a infecção em humanos seja normalmente branda, pode ser potencialmente perigosa para pessoas com o sistema imune comprometido, doentes, idosos e crianças. Sintomas persistentes e semelhantes a um resfriado, tais como febre, calafrios, dores de cabeça, fraqueza, fadiga e sinais de doença respiratória podem ser observados. Como esta é uma doença pouco diagnosticada em humanos, qualquer indivíduo exposto às aves de estimação e que apresente tais sintomas persistentemente deve procurar um Médico Infectologista.

Fontes:
Tully, Thomas N. - Dorrestein, Gerry M. - Jones, Alan. Clínica de Aves. 2ª Edição. Editora
Elsevier, 2010.
Filho, Raphael Lucio Andreatti. Saúde Aviária e Doenças. Editora Rocca, São Paulo, SP,
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Back, Alberto. Manual de Doenças de Aves. Editora Coluna do Saber, Cascavel, PR,
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J. M. Branley & B. Roy & D. E. Dwyer & T. C. Sorrell. Real-time PCR detection and
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E. R. Heddema, M. G. H. M. Beld, B. De Wever, A. A. J. Langerak, Y. Pannekoek And B.
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Edou R. Heddema, Sietske Ter Sluis, Jan A. Buys, Christina M. J. E. Vandenbroucke-
Grauls, Joop H. Van Wijnen, And Caroline E. Visser. Prevalence of Chlamydophila
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and Environmental Microbiology, June 2006, p. 4423– 4425.
Artigo gentilmente cedido por www.scbiotec.com.br

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