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Artigo: Intoxicação por chumbo nas aves domésticas, exóticas e silvestres - Dr. Alexandre Pessoa


DCM Balthazar

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A intoxicação por chumbo é comum nas aves. A maioria dos casos ocorre pela exposição dos animais ao chumbo.

Temos como algumas fontes de chumbo os pesos de pesca, pesos de cortina de chumbo, balas de chumbinho, tintas a base de chumbo, papel laminado de algumas garrafas de champanhe e vinho, gesso impregnado com chumbo, massa de vidraceiro com chumbo, solda com chumbo, parte traseira de espelhos, solda de janelas de vidro coloridas, bijuterias, invólucros de ferragens, arame galvanizado, algumas soldas de gaiolas de ferro batido, brinquedos para aves com pesos de chumbo, sinos com badalos de chumbo, cerâmicas inapropriadamente esmaltadas, pilhas elétricas, alimentos e farinha de osso contaminados, dentre outros.

As toxicoses por metais possuem uma sintomatologia clínica parecida, mas o diagnóstico e tratamento são diferentes, mais específicamente entre a intoxicação por chumbo e zinco. O chumbo pode ser estocado em múltiplos orgaõs e tem uma complexa interação com vários sistemas corporais. Aves com chumbo podem necessitar de um tratamento prolongado para uma adequada remoção dos níveis de chumbo corporais.

Dentre os metais pesados, o chumbo é o maior causador de intoxicação. Uma vez absorvido, o chumbo possui três principais efeitos bioquímicos e é transportado para um dos três compartimentos fisiologicamente distinto. O chumbo tem uma alta afinidade por grupos sulfidrila resultando na inibição de enzimas sulfidrila-dependentes biologicamente essenciais. Devido às propriedades químicas similares, o chumbo mimetiza e compete de maneira superior com o cálcio e causa efeitos deletérios na respiração mitocondrial e na função neurológica. Outro efeito conhecido, é que o chumbo altera a síntese de DNA e RNA e subseqüentemente a informação genética celular.

Os sinais clínicos incluem anormalidades relatadas nos sistemas gastrintestinal, neurológico e hemolinfático. Os sinais mais comuns sao vagos e incluem anorexia, letargia, diarréia com bile, poliúria e perda de peso. Hemoglobinuria é particularmente comum em Amazona spp intoxicados, mas ocasionalmente observados em outras espécies. Aves intoxicadas por chumbo apresentam anormalidades neurológicas severas incluindo tremores/convulções, ataxia, inclinação da cabeça, andadura em círculos, alterações no comportamento, paresia de membros posteriores e asas, e diminuição na acuidade visual. Algumas aves podem não demonstrar nenhum sinal clínico; outras podem somente apresentar uma emaciação. Nas aves aquáticas, a toxicose pode parecer mais crônica e pode mostrar sinais clínicos semelhantes ao do botulismo.

A toxicose por chumbo pode causar anormalidades no hemograma e nas bioquímicas plasmáticas. As aves afetadas podem mostrar uma anemia regenerativa com íiveis proteicos plasmáticos normais. A toxicose por chumbo pode causar uma resposta exagerada com mais policromasia rubricitos que se esperaria pelo grau de anemia presente. Pode ocorrer uma hipocromasia. As elevações de AST, CK e LDH ocorrem frequentemente nas aves com toxicose por chumbo.

A radiologia pode mostrar densidades metálicas ventriculares. A toxicose por chumbo pode estar presente sem sinais radiográficos anormais (isto é, falta de densidades metálicas no trato gastrintestinal). Em alguns casos de intoxicação crônica, a fonte original de chumbo pode não estar mais no trato gastrintestinal, mas vem sendo absorvida e existe uma forma não radiodensa no sangue, tecidos moles e/ou osso.

O diagnóstico definitivo é realizado pela espectrofotometria de absorção atômica. Os níveis de chumbo no sangue completo maiores que 0,2ppm (20 microgramas) sugerem uma toxicose por chumbo, e os níveis maiores que 0,5ppm (50 microgramas) são diagnósticos de toxicose por chumbo.

No tratamento da toxicose por chumbo, exigem-se uma terapia de quelação, terapia de suporte e algumas vezes remoção de corpo estranho.

Referências

RITCHIE, B.; HARRISON, G.; HARRISON, L. Avian Medicine: Principles and Application. Wingers Publishing, Lake Worth, Florida, 1994. 1407p.

RUPLEY, A. Manual de Clínica Aviária. Editora Roca LTDA, São Paulo, 1999. 582p.

 

Carlos Alexandre Pessoa, DVM; MSc
F: (11) 99820-2330 / 99911-2330
E-mail: animalexotico@terra.com.br
Website: www.animalexotico.com.br

Conteúdo cuja publicação foi gentilmente autorizada pelo autor.

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